Como minimizar os problemas na implantação do condomínio?
A fase de implantação de um novo condomínio traz consigo complicações naturais – afinal, pessoas que nunca se viram antes passarão a viver numa comunidade muito próxima, e conflitos podem surgir quando menos se espera. Como minimizar os problemas e proporcionar o melhor para todos os moradores? Para comentar o tema, o Blog Tecnisa conversou com Hubert Gebara, diretor do Grupo Hubert e vice-presidente do Secovi-SP:
1) Em que momento começa efetivamente a implantação de um condomínio? Após a entrega pela construtora ou antes da finalização do empreendimento?
Certamente antes da finalização e entrega do prédio. O ideal é que a administradora seja escolhida pela construtora, pois ela já começa a preparar o quadro de funcionários, testar equipamentos – como elevadores e piscinas – e verifica pequenos problemas construtivos que podem ser sanados antes da entrega, o que evita atritos entre os moradores e a construtora. Além disso, ela também dá início aos trâmites burocráticos, como a preparação do regulamento interno ou o registro do CNPJ do prédio.
2) Quais os principais problemas verificados durante a fase de implantação de um condomínio?
Muitas pessoas jamais moraram em edifícios e muitas vezes não tem noção de que a vida em condomínio, apesar de mais segura e econômica, restringe um pouco a liberdade – a de cada um termina na metade da parede que divide seu apartamento com o do vizinho. É um novo modo de vida.
Talvez o pior momento seja no primeiro semestre após a entrega, quando são definidas muitas das regras que vão reger a vida no condomínio – o sorteio das vagas de garagem, por exemplo, e as regras para animais domésticos ou crianças. O essencial é que todos os condôminos sejam conscientizados a obedecer o regulamento interno, comparecer nas assembléias e a entender que os funcionários do condomínio não são empregados exclusivos de cada condômino.
3) Como as construtoras devem auxiliar os moradores na formação do condomínio?
Talvez a principal atribuição da construtora nesse ponto seja apresentar uma boa administradora. Além disso, é muito importante que ela ofereça um bom atendimento ao cliente pós-venda. Hoje, muitas construtoras – e a Tecnisa é uma delas – atendem às requisições dos condôminos após a entrega do imóvel (como pequenos reparos no apartamento) e do empreendimento como um todo, e isso ajuda muito na implantação do condomínio. Nessa fase o atendimento ao cliente é fundamental.
4) Em que momento deve ser escolhida uma administradora?
O ideal é que um mês antes da entrega das chaves a administradora já esteja trabalhando. Nessa fase inicial indicamos que a empresa seja de grande porte e que tenha tradição no mercado.
A escolha normalmente é da construtora, que pode, inclusive, dizer qual é a administradora já no projeto do empreendimento – antes de comprar o imóvel, o interessado pode perguntar que a construtora está indicando, por exemplo. É ela quem faz a previsão da despesa mensal de condomínio com a segurança, coleta seletiva de lixo, reuso de água de chuva etc. A administradora sabe quais são os gargalos.
Essa administradora deve ser ratificada pela primeira assembléia dos condôminos. Nessa ocasião ela também pode ser trocada, embora nossa sugestão seja de que a escolha da construtora seja mantida – dificilmente a construtora indica uma empresa de baixa qualidade.
5) Como a experiência dos moradores que já viviam em apartamentos pode ser utilizada nesse momento? É ideal que a primeira comissão seja formada por eles, por exemplo, ou que o primeiro síndico seja um deles?
O síndico pode ou não ser alguém que tenha experiência. Uma boa administradora fornece toda a assessoria a ele, explicando os trâmites burocráticos, auxiliando com documentos e dando assistência jurídica, entre outras coisas. Temos, por exemplo, o Manual do Síndico, que ajuda bastante na fase inicial, quando as coisas estão se ajustando. E devem ser feitas reuniões periódicas com o síndico e comissão, conforme a necessidade, para tocar os assuntos do condomínio.
Recomendo, apenas, que o síndico e os representantes da administradora não sejam pessoas com espírito beligerante, pois o trabalho em conjunto é fundamental nessa fase.
6) Geralmente a construtora entrega uma convenção de condomínio pronta aos moradores. Ela deve ser adotada na íntegra ou pode ser alterada?
Em princípio sim, deve ser adotada na íntegra. Depois, no frigir dos ovos, se ela tiver algo que precise ser alterada, pode-se convocar uma assembléia extraordinária, com o objetivo explícito de mudar pontos específicos – essa assembléia deve contar com a presença de dois terços dos proprietários que já receberam a chave (é quem está pagando o condomínio, ou seja, quem tem direito a voto).
7) Que cuidados principais devem ser tomados pelos condôminos nessa fase de implantação?
Penso que podemos apontar quatro pontos principais:
- Comparecer às assembléias
- Obedecer ao regulamento interno
- Colaborar com o síndico e com a comissão, e não dificultar o seu trabalho
- Entender que seu direito termina onde começa o do vizinho
8) A Universidade Secovi tem cursos nessa área? Membros de novos condomínios podem participar?
Podem e devem. No site do Secovi (
www.secovi.com.br) estão disponíveis todas as informações a respeito.